Você conhece alguma empresa que é engajada em projetos socioambientais? Se conseguir pensar em alguma, tenho certeza que ela é regida pelos princípios ESG, ou seja, tem responsabilidade com os aspectos sociais, ambientais e de governança.
Como consumidora, procuro adquirir bons produtos, mas também me envolver com organizações que assumam suas responsabilidades, que procuram ajudar na construção de uma sociedade mais saudável, além de preservar nossos recursos naturais.
Sei que você deve estar se perguntando: o que é ESG afinal de contas, Marília? Para responder a essa pergunta, elaborei este post para esclarecer o significado e o poder que três letras possuem para uma empresa, além de te ajudar a implantar na sua organização por meio de alguns exemplos práticos e dicas. Continue a leitura!
Princípios ESG: o que significa a sigla?
A sigla ESG resulta do termo Environmental, Social and Governance – ou, em tradução livre: Ambiental, Social e Governança (ASG). Assim, no contexto empresarial, os investimentos ESG são os que vão além dos parâmetros habituais (econômico-financeiros), englobam também assuntos ambientais, sociais e de governança.
Em linhas gerais, o termo retrata o comprometimento que uma empresa tem com a redução de danos ao meio ambiente, buscando atuar de forma sustentável, bem como melhorar a gestão das burocracias.
Vamos entender um pouco melhor o significado de cada palavra que forma a sigla?
- Environmental (ambiental): essa palavra se refere à consciência ambiental acerca da conservação do meio ambiente, ou seja, preservação das águas e florestas. Além disso, busca reduzir a poluição do ar, emissão de gases tóxicos na atmosfera, desmatamento, descarte de lixo tóxico, entre outros.
- Social: a parte social diz respeito à forma como a organização lida com seus colaboradores e comunidade à qual pertence. Esse cuidado engloba a proteção dos dados de clientes, inclusão de diversidade, capacitação dos trabalhadores, etc.
- Governance (governança): essa palavra está relacionada à administração da empresa, mais especificamente agir com ética e transparência nos processos internos. Ou seja, a sua conduta organizacional deve ser correta e profissional.
Como surgiu?
O termo surgiu em 2004, a partir da publicação do relatório Who Care Wins (Quem se Importa Ganha) produzido pelo Pacto Global em parceria com o Banco Mundial. Nele as bases que guiam o ESG foram estabelecidas. Entretanto, não existe um órgão para fiscalizar se as empresas estão cumprindo o que prometem, assim, quem quiser pode adotar (ou falar que adotou) sem maiores complicações.
Em 2019, a presidente e gestora de investimentos da famosa BlackRock, Laurence Douglas Fink, concordou com a Declaração de Propósito, na qual 181 CEOs pactuaram em basear a evolução das suas empresas nos princípios ESG, ou seja, com responsabilidade ambiental, social e corporativa.
Após essa decisão, em 2020, ficou decidido que os fatores ESG teriam peso na hora das decisões de investimentos. Dessa forma, as empresas começaram a ter uma consciência socioambiental mais assertiva e, como se pode observar no relatório da XP Investimentos, as instituições brasileiras atingiram marcas inéditas no quesito filantropia, em 2020, principalmente em decorrência da pandemia, promovendo incentivos em áreas frágeis a amparos contra a COVID-19.
A partir daí, os negócios sempre focam no propósito de se relacionar com públicos engajados nos princípios do ESG. Dessa forma, vão adequando seus serviços e produtos a este público, unindo o útil ao agradável: ganhando mais força nas negociações e ficando bem-vistos perante seus clientes e, consequentemente, atingindo mais pessoas.
Agora que você conhece os princípios ESG, vamos entender qual a importância da sua empresa adotá-los?
Qual a importância de adotar princípios ESG nas empresas?
De uns anos pra cá, o ESG teve um protagonismo muito grande no meio corporativo e se transformou em um selo que atesta a responsabilidade das empresas e investimentos nos assuntos ambientais, sociais e de governança.
Assim, ele serve tanto para melhorar a imagem com os consumidores quanto com o mercado, já que é uma maneira de conseguir mais investimentos.
A prova de que a área de ESG está em alta é o número de startups voltadas para o consumidor, somando 720. Dentre elas podemos citar as mais famosas, como:
- Plataforma Verde, Autentify e Egalitê (de governança corporativa);
- Zenklub (na categoria social);
- EuReciclo e a Trashin (dedicadas a questões ambientais).
Esse estudo produzido pela plataforma de inovação aberta Distrito mostra que as startups do país que mostravam ter consciência ambiental e promoviam ações para diminuir esses impactos ganharam investimentos de quase cem milhões desde 2011.
O relatório mostrou que a divisão dos recursos de investimentos se dividiu da seguinte maneira:
- 70,6% para o social, correspondendo a 699,8 milhões de dólares;
- 21,15% para a Governança Corporativa, somando um total de 209,6 milhões de dólares;
- 8,15% para o Ambiental, ou seja, 81,8 milhões de dólares.
Dito isso, fica claro sua importância, não é mesmo? Pois além de receber mais incentivos e chamar atenção dos clientes conscientes, influencia diretamente categorias muito importantes para o desenvolvimento da nossa sociedade.
Exemplos de práticas ESG
Para tornar o conceito de ESG mais compreensível, eu trouxe exemplos de práticas de ESG bastante comuns em cada um dos parâmetros que formam o termo.
ESG Ambiental
São exemplos de práticas e iniciativas do ESG ambiental:
- criação de embalagens recicláveis, ou ainda, que utilizem menos plástico;
- utilização de materiais recicláveis no escritório e se tornando adepto da digitalização, reduzindo o uso de papéis e desperdícios;
- utilização de energias limpas e renováveis, como, por exemplo, a energia eólica e solar;
- destinação correta de resíduos e efluentes.
Inclusive, o próprio Philip Kotler, pai do Marketing, afirmou que uma empresa só é efetiva quando se volta para o lado humano, acompanhando as demandas ambientais e sociais, que é o tópico a seguir.
ESG Social
Quanto ao ESG Social, podemos citar como exemplos as seguintes práticas e iniciativas:
- eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório;
- criação de meios para possibilitar que as mulheres conciliam sua carreira com a maternidade, criando políticas e uma cultura organizacional propícia para tal;
- investimento em ações para promover o bem-estar e a satisfação dos colaboradores, além de treinamentos para garantir sua autonomia;
- fortalecimento do diálogo entre os colaboradores e líderes, tornando a tomada de decisão mais clara e participativa;
- realização de projetos sociais com a comunidade local onde a empresa é atuante;
- realização ou fomento de eventos e atividades culturais e sociais.
Além das práticas sociais, é importante estar atento às práticas de governança dentro das organizações.
ESG Governança
Por fim, temos as práticas de governança, que podem ser:
- construção de um conselho administrativo que priorizem membros que não são contratados pela empresa;
- contratar uma empresa de auditoria fiscal e de compliance;
- criar políticas de remuneração variáveis em relação a metas, mas com um piso satisfatório;
- ter um canal de denúncia seguro que os colaboradores possam relatar problemas com liberdade;
- ser uma empresa transparente, tornando as principais informações públicas ao consumidor e aos parceiros.
Sendo assim, é importante dizer que esses três parâmetros funcionam de forma inter-relacionada, e por isso as práticas devem ser aplicadas como um todo, tornando a empresa muito mais humana e competitiva.
Como aplicar práticas ESG nas empresas?
Os paradigmas trazidos pelo ESG fizeram com que as empresas enxergassem que a adoção das práticas propostas vai muito além dos volumes de investimentos e da confiança dos investidores.
Nos dias de hoje, o ESG é uma preocupação que gera grandes impactos voltados para a construção de valor, o que traz vantagem competitiva e confiabilidade de forma estratégica.
Tamanha a relevância do ESG para as empresas que a Harvard Law School trouxe meios de como aplicar estas práticas na organização.
Incentivar o engajamento proativo de investidores
Um dos meios para aplicar práticas ESG nas organizações é criando um programa proativo de engajamento de investidores, mobilizando os acionistas a pensarem nos impactos a longo prazo e não apenas nos lucros.
Aqui, o ponto principal é desenvolver o conceito de valor de longo prazo e confiabilidade enquanto empresa e investidor, criando políticas empresariais focadas no resultado e na sustentabilidade.
Mas claro, quando falamos de engajamento, é importante lembrar que esta é uma prática que pode demorar anos para se materializar, afinal, construir visões e relações alinhadas é algo muito delicado.
Abraçar de verdade a sustentabilidade
Boa parte das práticas de ESG são voltadas para a sustentabilidade, e ao olhar para o mercado, é possível enxergar várias empresas adotando posicionamentos acerca das questões ambientais.
Entretanto, é importante destacar que a sustentabilidade é um pilar do ESG, se tornando um valor inegociável e estando integrado em todas as estratégias organizacionais.
Assim, a sustentabilidade deve ser abraçada de verdade, e não como mero tema que está em pauta e que pode colocar a imagem da empresa ou seus lucros em risco. Ações claras e com resultados palpáveis em torno do ESG devem ser implementads, como rever no escopo da empresa como ela pode alterar processos e produtos em prol do meio ambiente, como adotar produtos recicláveis e diminuir desperdícios, por exemplo.
Construir um conselho adequado para aplicar a ESG
Uma das práticas de governança do ESG é a construção de um conselho de valor, e aqui a proposta é que este conselho esteja alinhado com os parâmetros do ESG como um todo.
Sendo assim, a construção do conselho deve levar em consideração o real propósito das práticas em si, para que toda a comunicação e tomadas de decisão sejam unas e voltadas para o objetivo maior.
Nesse sentido, deve-se considerar a experiência e a comunicação entre o conselho e os investidores, garantindo que todos estejam muito bem alinhados, criando estratégias efetivas e de alto valor, tanto para a empresa quanto para os investidores.
Integrar a ESG à cultura da empresa
Por fim, é necessário construir uma cultura empresarial focada nos princípios do ESG, tornando-os parte da empresa em si.
Construir uma cultura organizacional focada em valor e voltada para os assuntos ambientais, sociais e de governança é a chave do sucesso das empresas que desejam se destacar e ter vantagem competitiva.
Entretanto, devemos pensar que a cultura é construída com a participação de todos, desde os colaboradores até os investidores, que devem estar em harmonia e prezar pelos mesmos objetivos.
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