O que é comunicação não violenta (CNV) e como aplicá-la no trabalho?

junho 8, 2022

Você já ouviu falar sobre comunicação não violenta? Esse conceito vem ganhando força nos dias de hoje pela reflexão que ele instiga acerca das relações interpessoais. Certamente você já teve uma conversa mais delicada em algum momento, seja no trabalho ou na vida pessoal. Afinal, somos seres sociáveis, e a comunicação é a base das nossas relações. 

Nesse sentido, a CNV tem o propósito de tratar os “conflitos” da melhor forma possível, usando empatia e compreensão a respeito dos seus sentimentos e do outro. Então, vamos entender um pouquinho sobre o que é a comunicação não violenta e como ela funciona

Acompanhe os tópicos a seguir e tenha uma boa leitura! 

O que é CNV – Comunicação Não Violenta? 

Também conhecida como CNV, linguagem não violenta e comunicação assertiva, foi criada pelo psicólogo Marshall Rosenberg nos anos 60. O objetivo desse método era promover um diálogo mais consciente, onde as pessoas escutem, entendam e respondam de uma maneira mais empática e respeitosa. 

Por mais que o seu nome já traga muito do seu conceito, a CNV é muito mais do que se comunicar de uma forma mais pacífica. 

Em linhas gerais, a ideia da técnica é escutar outras pessoas sem julgamentos, preconceitos e estar de fato interessado em entender o ponto de vista do outro, e não apenas ouvir para responder. 

Para entender melhor a comunicação não violenta, vamos conhecer o seu surgimento e quais as vantagens em aplicá-la em sua vida

Como surgiu? 

Mesmo sendo um assunto atual, o conceito surgiu nos anos 60, quando os EUA ainda viviam uma forte realidade de segregação racial. Pesquisando sobre como diminuir esse problema, Marshall percebeu que para a relação entre os grupos ser mais pacífica, era necessário desenvolver um método, que nomeou de comunicação não violenta. 

Assim, ele contribuiu muito para que a comunicação se tornasse mais leve e efetiva. Além da CNV, o psicólogo também escreveu diversos livros sobre a temática, até que em 1984, criou uma instituição com o nome de “Centro para Comunicação Não-Violenta”, que era exclusiva para  disseminação desse processo pelo mundo. Com isso, ele conseguiu atingir cerca de 60 países. 

Quais as vantagens?  

Seja na vida pessoal ou corporativa, saber se expressar e compreender quais sentimentos cada troca desperta é um exercício de autoconhecimento muito positivo. 

Que a CNV possui vários benefícios eu já falei, mas vamos conhecer alguns? 

  • Resolução pacífica de conflitos: com a comunicação não violenta aprendemos a nos colocar no lugar do outro, prestando mais atenção nas suas atitudes e tendo mais respeito;
  • Melhor gestão de equipes: ao colocar em prática o método, o líder dá exemplo para todo o time, melhorando o relacionamento entre colaboradores;
  • Aumento da produtividade: quando a comunicação não violenta é um dos pilares da empresa, o clima organizacional contribui para o aumento da produtividade. Isso porque as divergências — que impactam negativamente no trabalho, interferindo na felicidade e satisfação —  ocorrerão com menos frequência e a empolgação para ser produtivo tende a aumentar;  
  • Manutenção de relacionamentos saudáveis: quando as trocas são mais empáticas, os relacionamentos serão mais saudáveis.

É possível se aprofundar no assunto lendo a obra de Marshall,  o livro “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”. 

Quais as dificuldades de utilizá-la no dia a dia? 

Até aqui, você já deve ter percebido que a comunicação assertiva carrega apenas bons frutos, assim como objetiva unicamente melhorar as relações.

Entretanto, para algumas pessoas ainda é difícil colocar o método em ação por diversos motivos, incluindo:

  • ceder em algumas situações para gerar uma conexão com os outros; 
  • ao comunicar, ter como objetivo a integração com as pessoas;
  • reconhecer as necessidades não resolvidas dos outros e de si mesmo; 
  • entender que se comunicar de uma forma diferente do que estamos acostumados é um processo, não apenas um conceito de aprendizado rápido;
  • praticar e sair do padrão atual.

Como funciona a comunicação não violenta? 

Segundo Marshall, a comunicação não violenta acontece quando quatro fatores são adotados:  observação, sentimento, necessidade e pedido. Assim, colocando em prática essas atitudes, todas as necessidades universais humanas são atendidas, como a necessidade de ser ouvido, compreendido, respeitado e valorizado

Uma pesquisa intitulada “A comunicação não violenta nas Organizações”, da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), mostrou que 52% das pessoas se mostraram ansiosas no ambiente de trabalho. Os empolgados representavam apenas 18%, mostrando que um dos motivos que explicam os números é a falta de empatia, um aspecto que é fundamental para 89% dos entrevistados. 

Vamos entender as particularidades da cada uma logo abaixo.  

1. Observação (Ouvir)

O primeiro princípio da comunicação não violenta é saber ouvir o que o outro está falando, observando suas ações e falas sem julgar. Dessa forma, busque entender qual mensagem estão querendo passar, independente de ser positiva ou negativa. 

2. Sentimento (Indagar)

Após ouvir o outro, saiba entender quais sentimentos aquela fala desperta em você, seja medo ou raiva e comunique-o. Aqui, você deve ter liberdade para expressar o que sente, por mais exposto que se sinta. Afinal, apenas com a anunciação da nossa inquietude é que o outro poderá saber e sentir empatia.

3. Necessidade (compreender)

Agora que os sentimentos foram esclarecidos, chegou o momento de reconhecer as necessidades dos envolvidos. Por exemplo, se você se sentiu triste com a mensagem, é necessário identificar qual necessidade não foi atendida e o que constituiu essa tristeza. 

4. Pedido (argumentar)

Por fim, após passar por todas as outras etapas, chegou o momento de fazer um pedido de forma assertiva e que poderá ser feito por meio de atitudes reais. Ou seja, é o momento de dizer diretamente o que espera da pessoa de forma clara, sem ser ambíguo ou abrir brecha para desentendimento. 

Agora que você já conhece os 4 passos para uma comunicação não violenta, que tal se aprofundar mais um pouco no assunto?

Continue a leitura! 

Quais as principais ações que alimentam uma comunicação violenta? 

Pela falta de tempo e cansaço, estamos acostumados a nos comunicar de forma superficial, sem empatia e respeito. 

Aqui, não estamos falando exclusivamente de agressividade e grosseria, mas de formas que geram desconforto, tristeza ou alguma resistência que impede a conexão entre as pessoas, seja em casa, na academia ou no trabalho. 

Nesse sentido, Rosenberg elencou 7 ações primordiais que sustentam uma comunicação violenta. São elas:

  1. Tomar pensamentos e opiniões como verdade. Isso pode acontecer quando o verbo sentir aparece atrelado a “que”, “como” e “como se”.  Exemplo: “eu sinto que você não me entende”;
  2. Exigir uma ação com ameaças caso ela não seja atendida. Exemplo: “espero que você dê mais atenção, se não vou achar alguém que faça isso por mim”;
  3. Comparar alguém ou a si mesmo inferiorizando o outro. Exemplo: “Maria sempre chega no horário, porque você não faz como ela?”;
  4. Generalizar baseado em uma situação apenas, criando uma falsa impressão. Exemplo: “você não gosta de nada que eu faço”;
  5. Julgar qualquer um que pense diferente de você, supondo que ele esteja completamente errado ou seja mal. Exemplo: “quem defende este político não presta”;
  6. Responsabilizar o outro pelos seus sentimentos, se colocando sempre como vítima. Exemplo: “só tomei essa ação porque não havia outra saída”;
  7. Usar termos que exprimem verdades absolutas, como “sempre”, “jamais”, “raramente”, esquivando da responsabilidade sobre essas opiniões. Exemplo: “você nunca me agradece pelo que faço”. 

Exemplos de comunicação não violenta 

Para ter uma comunicação não violenta, é necessário colocar em prática os 4 fatores estabelecidos por Marshall. Assim equívocos são evitados e a comunicação fica mais clara e empática. Vamos ver algumas dicas para se comunicar em uma CNV

  • Esclareça que a pessoa não se sentirá culpada por não atender ao pedido;
  • Deixe claro que a solicitação só pode ser feita se for voluntariamente;
  • Escute sem dar opinião, competir com a dor do outro, educar, confortar, contar histórias, acabar o assunto, se solidarizar, se explicar, interrogar ou repreender a pessoa;
  • Preste atenção enquanto escuta o que o outro está falando e não só quando que ele está ponderando sobre você;
  • Faça solicitações na forma de ações específicas, que possam ser compreendidas e executadas;
  • Ofereça conselhos apenas se for permitido ou solicitado;
  • Livre-se das ideias e julgamentos preconcebidos.

Exercícios de CNV para fixar o conceito 

Existem algumas ações que auxiliam a fixação do conceito de comunicação não verbal de forma descontraída e, de certa forma, promovendo a reflexão sobre si mesmo e do próximo. Assim como incentiva a interação entre grupos. Vamos ver? 

Ações e Intenções

Esta dinâmica tem o objetivo de fazer você pensar melhor sobre as intenções por trás das suas ações e trazer clareza e maior consciência sobre elas no dia a dia, para facilitar que consiga se expressar melhor posteriormente na prática da CNV. 

Pegue um rascunho e anote algo que você fez, mas depois se arrependeu ou ficou em dúvida se foi a melhor atitude.   

No verso, escreva com qual intenção você realizou a ação. Por fim, leia tudo e faça uma reflexão acerca do que foi escrito. 

Assim, você terá mais clareza sobre suas ações e intenções, como por exemplo: você ajudou uma pessoa porque realmente gostaria que ela progredisse ou apenas para ter um favor para cobrar depois? O ponto fundamental é ser sincero a respeito dos sentimentos, mesmo que tenha agido por interesse e se sinta constrangido. Esses sentimentos não devem ser guardados e devemos aprender a lidar com eles. 

Faz-de-conta ou role play

Esta é uma dinâmica de interpretação de papéis em que o grupo é dividido em duplas. Cada dupla deve criar uma cena em que um deles representa uma pessoa empática, enquanto o outro interpreta o exato oposto. Depois os papéis são invertidos para que ambos tenham a experiência nas duas posições.

Ao final, a dupla conversa a respeito, falando suas impressões e contando como cada uma se sentiu em cada papel. Essa dinâmica é importante para mostrar como a falta de empatia pode levar a emoções ruins e dolorosas. Ela reforça a importância de fortalecer a comunicação não violenta e as possíveis consequências que podem surgir utilizando-a ou não.

Como aplicar a CNV no ambiente de trabalho para evitar conflitos? 

Falando agora de um dos locais mais importantes para aplicação da comunicação não violenta, o ambiente corporativo, como podemos agir para evitar conflitos e melhorar a qualidade de vida no trabalho

Comunicação via whatsapp, slack e outros softwares de troca de mensagem

Se pessoalmente já é difícil a compreensão de alguma interação, imagina por mensagem, onde não podemos perceber os gestos, expressões e entonação? Por isso, aplicar a CNV nesses canais é fundamental.

E-mail

Os emails são pessoais, mas em algumas situações servem para passar um comunicado a uma lista ampla de pessoas. Aplicar os quatro elementos da CNV na hora de elaborar a mensagem que será enviada proporciona uma maior compreensão do público, evitando aborrecimentos.   

Contato com clientes

Às vezes, o ambiente corporativo proporciona situações onde teremos que lidar com um cliente insatisfeito, por exemplo. Ter empatia pela outra pessoa e entender o motivo dela estar brava é fundamental para que a relação seja duradoura. Imagina se ela está passando por um momento difícil e ainda teve prejuízo por um erro que poderia ter sido evitado? É compreensível a chateação. 

Reuniões

Nas reuniões, aproveite e crie um tópico para abordar a importância da comunicação não violenta. Assim você pode acompanhar se a equipe realmente entendeu os quatro elementos e se estão aplicando no dia a dia. 

No Marketing

A principal estratégia para o marketing dar certo é se colocar no lugar do outro. Na hora de criar sua estratégia, não é necessário produzir o que o seu público alvo gostaria de consumir? Esse é o exercício de se colocar no lugar do outro. Por isso, pense muito antes de colocar no ar propagandas que podem gerar polêmicas ou desagradar um grupo específico de pessoas. 

E aí, está pronto para colocar todas as dicas em prática e ter uma comunicação não violenta a partir de agora? Saiba que a organização mental, a gestão de tarefas e a consciência de tempo são fundamentais para ter conversas assertivas e negociações produtivas, seja com sua equipe ou com seus clientes. 

Afinal, se você tem clareza sobre suas responsabilidades, limites e possibilidades, você consegue comunicar isso e se fazer entender. Caso contrário, poderá fazer compromissos com os quais não consegue cumprir ou não passar as tarefas ou informações corretas para as pessoas.

Para investir no poder de clareza, consciência de tempo e gestão de tarefas da sua equipe, conheça os meus serviços! Terei o prazer de te ajudar a alcançar mais produtividade por meio de também uma comunicação mais assertiva. 

marília cordeiro

Criadora de conteúdo e da metodologia Organização Sincera.

Desde 2018 eu facilito a vida de pessoas e empresas com um workflow simples e empático de gestão do tempo.

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sobre marília cordeiro

Desde 2018 trabalho especificamente com produtividade, trabalho remoto e empreendedorismo. Aqui no blog, compartilho conteúdos mais completos, conceitos relevantes e reflexões para levar para você e sua equipe dicas práticas para o dia a dia. Aproveite para aumentar seu conhecimento e se inscreva para receber as novidades!

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