O nômade digital usa a tecnologia para exercer tarefas cotidianas enquanto conhece novos lugares e culturas. Eu mesmo já trabalhei em diversas regiões do nosso país e consegui manter minha produtividade a partir da metodologia que desenvolvi.
Por isso te convido a conhecer mais sobre o assunto. Nesse artigo vou focar em te apresentar o conceito, as vantagens e desafios. Também vou dar dicas baseadas na minha experiência e de outros influenciadores da área. Vamos nessa?
O que são nômades digitais?
O conceito de “nômade” vem de não se fixar em algum lugar e o de “digital” de exercer sua profissão online, o que lhe dá liberdade para tal. Os nômades digitais são pessoas que escolheram trabalhar e viajar ao mesmo tempo, desde que possam contar com uma excelente conexão de internet. Eles assumem total responsabilidade por horários e resultados.
Seu conceito está associado em dois aspectos. O primeiro é ganhar dinheiro online, o segundo é viajar ou se mudar enquanto faz isso.
Alguns podem considerar como uma versão 2.0 do home office, mas existem diferenças entre essas duas modalidades. No home office convencional você tem estrutura e, provavelmente, possui uma rotina e moradia fixa. Enquanto isso, os nômades atuam na esfera do trabalho remoto, mas não têm um endereço fixo e costumam executar suas atividades do lugar em que estiverem, que pode ser na casa em que estão naquele período, mas em muitos outros locais também.
A primeira vez que o termo surgiu foi em 1997 no livro “Digital Nomad” escrito por Tsugio Makimoto e David Manners. Os autores apontavam para o surgimento de um dispositivo de comunicação capaz de permitir que as pessoas trabalhassem de qualquer lugar.
Hoje em dia são mais de 35 milhões de pessoas espalhadas pelo globo. Estima-se que até 2035, esse número ultrapasse 1 bilhão. Cada vez mais profissões abrem essa oportunidade, você pode ser freelancer, ter contrato fixo com uma organização e até ser empreendedor.
Desse modo, entre as principais vantagens de se tornar um nômade digital, posso destacar as seguintes:
- Trabalhar de qualquer lugar;
- Planejar a rotina com horários flexíveis;
- Alcançar maior liberdade no dia a dia;
- Estar em contato com diferentes culturas.
Quais os principais desafios deste modelo de vida?
Trabalhar conhecendo outros lugares e sem ter uma parada fixa pode ser maravilhoso, mas não impede que haja desafios.
Essa estrutura flexível também requer foco e dedicação. Conheça, abaixo, as três maiores dificuldades que mais impactam o nomadismo digital!
Vida instável
O primeiro pensamento que trago aqui: todo mês é diferente. E essa mudança pode ser boa ou não! Aí é com você! Vai depender da sua capacidade de adaptação, da qualidade de vida que busca e de como andam suas finanças também!
Como a maioria dos nômades não possui contratos fixos de trabalho, é preciso ter uma boa estratégia de negócios e, preferencialmente, uma boa presença digital para alavancar mais oportunidades. Aproveitar das novas conexões com pessoas de vários lugares é uma excelente forma de aumentar as prospecções e ter seu trabalho mais difundido mundo afora!
Em relação à moradia, essa instabilidade está diretamente ligada com a qualidade da habitação e também da internet. Nem sempre é possível conseguir um bom custo x benefício com Airbnb ou contratos menores, o que torna importante saber o que é realmente importante pra você. Às vezes você vai optar por ter menos liberdade e dividir casa com alguém, alugando um quarto ao invés de um apartamento inteiro. Outras, você vai preferir ficar em um local individual, mas que é bem menor ou em uma localização mais distante da praia, por exemplo. Depende da sua situação e do local que está. Além disso, busque saber qual a velocidade da internet do lugar onde está indo, pergunte outras pessoas que já passaram por lá ou faça testes para comprovar.
Vida social desafiadora
É muito legal conhecer novas pessoas constantemente, mas também é preciso dizer “tchau” na mesma intensidade. Assim, o tempo de permanência em cada lugar nem sempre será suficiente para estreitar e solidificar laços ou não será simples mantê-los.
O contato com familiares e amigos de infância também não será frequente e você precisa saber lidar com essas questões.
Trabalho duro
Para quem acha que o trabalho nômade é como férias prolongadas, desculpe desapontar, mas não é! Você precisa trabalhar muito para conseguir estabilidade nesse novo estilo de vida. Sua produtividade depende diretamente do seu foco, e para mantê-la precisará desenvolver hábitos saudáveis.
Meu escritório é na praia, eu tô sempre na área…
Provavelmente você já viu retratos de pessoas com legendas dizendo que trabalham na praia, estou certa? Então, isso é um mito. Consegue imaginar a combinação de areia, notebook, sol e calor? É muito complicado executar qualquer atividade em um cenário como esse, exceto tirar fotos para o Instagram. O que pode acontecer é a pessoa estar em algum hotel ou resort que tem uma estrutura melhor, ao lado do mar. Mesmo assim, pensando a longo prazo (de dias para meses), a falta de estrutura e as muitas distrações acabam prejudicando o trabalho.
Como manter uma rotina sendo nômade digital?
O ideal é você testar uma estrutura de rotina semanal até que encontre algo que combine suas funções e responsabilidades com suas paixões e desejos. Quando tiver êxito, então passe a aplicá-la em todas as viagens. Não deixe de fora o que você considera muito importante no dia a dia: academia, cafeteria, livraria, praia, parque, etc. É muito importante inserir algum lazer que torne seu dia a dia mais agradável.
No meu caso, por exemplo, as segundas-feiras são sagradas! É um dia somente meu e da minha empresa, sem reuniões. Eu foco bastante para organizar e liberar tudo que preciso para a semana de trabalho, retirando pendências e fazendo o administrativo, para poder entrar de cabeça no trabalho ao longo da semana. Se tiver que viajar nesse dia, opto por chegar até o horário de almoço, para ainda ter a tarde e noite para essa organização.
Uma pergunta que sempre me fazem é como eu escolho a região que vou morar. E sim, isso interfere consideravelmente na rotina que vou ter na cidade que escolhi. No meu caso, eu sempre começo pensando em dois pontos: a atividade física que vou praticar e no motivo que me levou a tal local (estar perto da praia, de alguma atração ou de algum trabalho, por exemplo). Quando estou escolhendo o Airbnb, priorizo aqueles com academia nas proximidades, afinal, isso é o que tem de mais frequente na minha rotina e costumo estar sempre a pé.
Portanto, para finalmente estabelecer meus horários e a minha rotina, assim que chego no novo local, busco fazer rapidamente aulas experimentais e entender quais são os horários disponíveis das atividades que tenho interesse. Afinal, a atividade física é norteadora da minha rotina. Com essas informações, consigo definir a minha rotina ideal para aquele local, aplicando a minha metodologia.
Autoconhecimento e disciplina são palavras de ordem para a rotina do nômade digital. No meu caso, conheço bem meus horários de produtividade e busco valorizá-los com foco no trabalho. A minha metodologia facilita lidar com a liberdade, e, sempre que preciso, desenho os blocos de tempos e ajusto conforme as necessidades que surgirem.
Para além da rotina diária, recomendo preparar roteiros com os lugares que quer conhecer e ponderar com responsabilidade a dosagem de turismo. Entenda o seu horário e demandas de trabalho, o que vale visitar durante a semana e o que fica para os finais de semana. Claro que o propósito do nômade é a liberdade. Mas é o que diz a música do Legião Urbana: “disciplina é liberdade”.
Dicas que eu, como nômade digital, sigo!
Vou compartilhar com vocês dicas que serviram e ainda servem para que eu me organize:
- Prefiro trabalhar durante o dia e sair para conhecer a cidade durante a noite;
- Opto por fazer meus exercícios da academia logo cedo. Caso não consiga, busco sempre horários que facilitem o meu trabalho ao longo do dia;
- Deixo meu primeiro dia na cidade mais livre. Tento não marcar nenhum compromisso e aproveitar para conhecer a região, ir ao mercado, etc.;
- Faço minhas viagens e trocas de cidade preferencialmente no final de semana, nas segundas-feiras costumo organizar o restante da semana;
- Preferencialmente, não marco compromissos segundas e sextas. Faço isso para ter minha rotina de segunda e também uma extensão de tempo dos finais de semana destinados ao turismo e viagens;
- Considero que três meses é o ideal para permanecer e conhecer um lugar. Não invisto em viver o nomadismo com menos de um mês, pois para mim, é o tempo mínimo que considero para criar uma rotina e me adaptar;
- Conto sempre com um planner para manter meu cotidiano estabelecido.
Dicas bônus de nômades digitais que podem te ajudar
Acima, citei alguns pontos baseados na minha experiência, por isso, resolvi trazer dicas de outros nômades também. Observe que cada um vem de uma plataforma distinta, mas com muito conteúdo.
1. Conexão a internet
Em relação à internet, Michael Jasper aponta que existem dois tipos que podemos considerar: a ofertada pelo Airbnb e a móvel.
1. Internet do Airbnb
“Antes de fechar o local que vamos ficar, peço qual a velocidade do wi-fi, não ficamos em nenhum local com menos de 100 mega, normalmente peço uma foto do medidor.
Afinal, temos muitos aparelhos e precisamos estar sempre conectados.
Quando chegamos no local abrimos o Speed Test e, se não bater, eu faço o proprietário aumentar, já aconteceu 2 vezes e eles subiram no dia seguinte.
2. Internet móvel.
Quando a gente sai na rua precisa estar conectado também.
Temos um chip internacional que funciona em 115 países, mantemos ele sempre com internet, mas só usamos em caso de emergência, afinal é super caro.
Uma das primeiras coisas que fazemos quando chegando no país é comprar um chip local, é barato e rápido e estamos sempre on-line.” Michael Jasper, CEO Web Jasper.
2. Características importantes a ter ou desenvolver
Para a influenciadora Sophia, nem tudo são flores aos que desejam se tornar nômades digitais. Em seu Instagram, @whoisophia, ela elencou três habilidades importantes que você precisa ter ou desenvolver.
“Adaptabilidade e flexibilidade: trabalhar em qualquer lugar no mundo é lindo na teoria. Na prática, o lugar não vai ser o ideal, a cadeira não vai ser a mais confortável, o silêncio não vai ser o absoluto. Você acredita que consegue se adaptar e ser produtivo mesmo em situações adversas?
Organização: talvez você esteja em um país com o fuso horário diferente, talvez uma festa esteja acontecendo no momento que você precisa entregar uma demanda. Talvez você tenha que acordar 6h da manhã para fazer uma LIVE! São muitas variáveis e ter uma agenda te ajuda a não surtar.
Saber dizer não: viver em um lugar onde a maioria das pessoas estão passando as férias pode parecer a vida dos sonhos, mas, na verdade, é muito desafiador.
Ser a única pessoa que trabalha e tem horários significa ter que ter muito pulso firme. Dizer não para festinhas no meio da semana, recusar convites irrecusáveis e entender que você pode se divertir, mas precisa trabalhar.”.
3. Como começar?
Matheus Souza divide o começo de um nômade em três etapas que devem ser analisadas caso a caso.
“Decisão: A partir do momento que você decide que é isso que quer para sua vida, seu foco deve estar voltado para esse objetivo. Pesquise muito sobre sua área e pense em como você pode desempenhar sua função de forma remota. Pense em maneiras que você pode ganhar dinheiro fazendo o que faz – ou algo derivado do que faz – sem precisar estar presente no escritório.
Planejamento: Também sempre me perguntam pelo dinheiro. E essa é uma parte fundamental no planejamento. Bom, no meu caso, guardei 6 meses do meu antigo salário como CLT para eventuais emergências.
Isso é básico. Não acredite nesse negócio de “largar tudo e colocar a mochila nas costas”. Isso só funciona se você é rico ou filho de pais ricos que te sustentam. Do contrário, você precisa ser responsável e se planejar. E bem. O nomadismo digital é, além de tudo, uma questão de escolhas.
Prática: Apenas com disciplina você vai entender se isso é algo viável ou é melhor voltar para o escritório. Não apenas a parte das viagens, mas também dos serviços que você prestará. […] Sobre as viagens, comece localmente.” Matheus Souza, escritor, colunista, educador e palestrante.
Um presente para potencializar sua produtividade
Por fim, além de todas as dicas que dei, trago um presente especial para você. O que acha de um conteúdo totalmente focado em aumentar a produtividade sem precisar trabalhar mais por isso?
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